O setor jurídico passa por um período de
transformação digital graças às mudanças tecnológicas
implementadas pelo surgimento das lawtechs e legaltechs. De acordo
com a Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L), o
número de empresas do tipo subiu 300% nos últimos dois anos.
Isso tem causado um impacto no dia a dia
de profissionais do Direito, como promotores, advogados, juízes e
outros, que estão utilizando ferramentas tecnológicas para
aprimorar o setor. No entanto, como exatamente essa mudança tem sido
feita? Para descobrir e estar atualizado, siga a leitura até o fim!
Quais são os principais problemas do setor jurídico?
Quem trabalha no Direito sabe que o setor
jurídico brasileiro tem problemas. Isso não é exclusivo do Brasil,
claro. Todo Judiciário apresenta sua cota de situações abaixo do
ideal que devem ser corrigidas com o tempo.
No Brasil, a estrutura do Judiciário não
parece ser suficiente para lidar com a carga de processos que a
sociedade produz. Temos 78 milhões de processos parados na Justiça
- um número que está em queda -, mas que aumenta muito o tempo
médio de tramitação.
Para se ter ideia, a Justiça Estadual
Brasileira leva em média 4 anos e 4 meses para julgar um caso, o que
é um tempo longo demais. Muitas pessoas não podem esperar tudo
isso, por exemplo.
Essa situação acarreta uma série de
problemas extras no setor jurídico, como queda de confiança da
população, alta inadimplência para os advogados e outros riscos
significativos (afinal, se o profissional tiver de trabalhar 4 anos e
4 meses até receber, pode ficar difícil executar sua profissão).
Como as Lawtechs atuam de modo a promover mudanças?
As Lawtechs são startups de tecnologia
que atuam com o desenvolvimento de aplicativos
para advogados,
promotores e juízes de modo a otimizar o processo desses
profissionais. Dessa forma, as empresas podem causar efeito
disruptivo no setor jurídico e ajudar a resolver seus problemas.
Um exemplo simples tem a ver com a
condução de um advogado. Com o uso de um software jurídico de
qualidade, o profissional pode acompanhar mais rapidamente os
desenvolvimentos em cada um dos seus casos, receber indicações de
tarefas e otimizar o seu trabalho.
Dessa forma, o processo corre mais
rapidamente, pelo menos no que diz respeito ao seu trabalho, e poderá
ter uma conclusão mais ágil.
Mas, para fazer isso, há um trabalho de
desenvolvimento muito forte por trás de cada programa jurídico
criado no mercado atualmente. Confira como ele é feito a seguir.
Percepção de um problema
Tudo começa com a identificação de um
problema por parte da equipe da lawtech. Essa percepção pode vir
deles mesmos (muitos dos desenvolvedores são advogados ou contam com
análise de dados para identificar gargalos de produtividade no setor
jurídico) ou pode ser indicada por clientes
das empresas.
Com base nisso, os profissionais
responsáveis pelo desenvolvimento dos softwares das lawtechs passam
a se debruçar sobre o problema para aprenderem com ele o máximo
que puderem.
A ideia é identificar as causas que levam
ao problema e suas consequências, de modo a elaborar ações
inteligentes que possam solucionar a questão e trazer benefícios
para os profissionais do Direito.
Imagine, por exemplo, que o problema
percebido é a falta de produtividade de um advogado. Na análise
minuciosa, identifica-se que o profissional perde muito tempo
checando os desenvolvimentos dos seus casos no sistema eletrônico do
Judiciário. Qual o próximo passo?
Levantamento de hipóteses
Com uma das causas do problema descoberta,
a equipe de desenvolvimento começa a levantar hipóteses em um
brainstorm sobre o que pode ser feito para resolver essa situação.
Muitas ideias são jogadas até que uma seja formulada.
No nosso exemplo, a equipe pode decidir
que é interessante, por exemplo, elaborar uma tecnologia que
consulte automaticamente os desenvolvimentos dos casos de um advogado
no sistema do judiciário.
Nessa parte, o ideal é que a viabilidade
da ideia seja colocada em prática. Por essa razão, a equipe deve
cogitar se é possível elaborar tal tecnologia, se o sistema do
Judiciário permite isso e se os custos compensam. Se sim, a equipe
passa para o próximo estágio de desenvolvimento.
Elaboração de um protótipo
Com a ideia criada, o time de
desenvolvimento passa então a elaborar um protótipo que se comporte
como o previsto inicialmente.
Normalmente, essa é uma etapa demorada,
que exige muito trabalho dos desenvolvedores, especialmente porque as
coisas quase nunca correm como o planejado antes. Também é comum
voltar para o estágio de levantamento de hipóteses quando o
processo não traz os resultados que se esperava. No entanto, se o
protótipo pode ser construído, a lawtech move para o estágio
seguinte.
Realização de testes
Um protótipo não pode ir direto para o
mercado. Por isso, a empresa passa a realizar testes controlados para
medir a sua eficácia. O cenário dos testes depende de cada
tecnologia, claro, mas a ideia é obter confirmação científica do
benefício daquele recurso.
No nosso exemplo, o primeiro teste deveria
confirmar se a tecnologia desenvolvida é capaz de acessar os dados
do profissional no sistema do Judiciário. Se sim, então será feito
um teste para comprovar se o recurso pode comunicar essas informações
ao cliente.
Com isso testado, a ideia é ver se a
tecnologia resolve o problema inicial de baixa produtividade. Na
hipótese levantada, a ideia era que sem a necessidade de checar o
sistema do Judiciário o tempo todo, isso aumentaria a produtividade.
Se o teste for positivo, a equipe passa para a próxima etapa.
Finalização do recurso
Com os resultados dos testes, o time passa
a aprimorar o recurso desenvolvido para o programa, a fim de que ele
possa ser lançado. Cada detalhe é ajustado para que a ferramenta
fique adequada e possa reproduzir os resultados dos testes para todos
os clientes.
Esse exemplo dado é real, uma vez que ele
foi o processo realizado pela SAJ ADV para desenvolver o seu software
jurídico. Hoje,
todos os clientes da empresa contam com a ferramenta de captura
automática de processos no sistema do Judiciário.
É dessa maneira que as lawtechs trabalham
para promover a mudança digital que aprimorará o setor jurídico
brasileiro. O trabalho é grande, evidentemente, mas os resultados já
começam a ser sentidos, especialmente por parte dos advogados, que
notam um aumento significativo de produtividade.
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